O PARQUE DE DIVERSÕES DE JOSÉ SÓCRATES
Na noite de domingo coloquei no Facebook e Twitter esta pergunta: “Estou aqui com uma dúvida: se em Portugal não votámos em Angela Merkel porque é que é ela que manda?” A melhor resposta veio de um conhecido publicitário e tinha a forma de outra pergunta: “Porque paga?”.Este é o busílis da questão: colocámo-nos numa posição em que desbaratámos todas as ajudas que a Europa foi concedendo ao logo dos anos, diminuímos, por imposição europeia, a nossa capacidade de produção – nas pescas, na indústria e na agricultura – e tornámo-nos num país que vive apenas de serviços. Portugal transformou-se num imenso centro comercial que compra tudo ao estrangeiro e se endivida paradepois pagar o que consome.Dizer que o País tem sido governado como uma mercearia é uma ofensa para o pequeno comércio. Na verdade os nossos governantes geriram Portugal como um parque de diversões, sem pensar em nada mais que o gozo imediato e a satisfação de todas as vontades. A Alemanha, pelo seu lado, produz cada vez mais, exporta cada vez mais, e vive das vendas no mercado europeu que ajudou a construir na forma que ele tem hoje.Com grande sentido demissão, a Alemanha financiou o desenvolvimento de mercados periféricos na Europa, para onde passou a vender os seus produtos, as suas marcas, a actividade das suas empresas.Como se tem escrito várias vezes ao longo desta crise, a Alemanha conseguiu, pela economia aquilo que foi incapaz de fazer através da guerra: dominou a Europa.Uma das respostas aomeu post era o clássico “É a economia, estúpido”. E esta é a verdade. A força da economia alemã fez com que as decisões dos Estados que não se souberam governar fossem tomadas em Berlim. Foi à senhora Merkel que Sócrates apresentou mais um capítulo do seu PEC – não foi ao presidente português.O episódio ilustra o estado da nação.Que José Sócrates venha agora dizer que a instabilidade não é provocada por ele, mas por outros, é apenas mais um número de circo, dentro do parque de diversões que ele desgraçadamentemontou em Portugal ao longo dos últimos anos.
http://www.readmetro.com/show/en/Lisbon/20110322/16/1/#
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