O cabaré da coxa
11/08/10 00:03 | José Ribeiro e Castro
Após dias de caos, balbúrdia a nu no topo do Ministério Público, voltemos à festiva comunicação do primeiro-ministro a celebrar o fim do inquérito Freeport e ensaiando a vitimização.
A pele não lhe serve. Ao contrário, Sócrates tem gozado de um tratamento político de favor que nenhum outro mereceu no passado ou teria em iguais sarilhos. Outro já se teria demitido - ou sido demitido.O primeiro-ministro beneficia da blindagem de um brocardo aparente: "à Justiça o que é da Justiça, à política o que é da política". Incólume, atravessa caso sobre caso - Freeport, Face Oculta, PT/TVI, Taguspark, outros - com o quase silêncio da oposição e a tolerância do Presidente da República. Aquela ideia, distorcida, e o coro alinhado criaram um condicionamento tal que bloqueia a política face aos sarilhos de Sócrates, à excepção dos arautos PS, para zurzirem em quem toca no Grande Líder, sem pudor sequer na salvaguarda das magistraturas.Longe vai o tempo de António Vitorino se retirar de ministro só por uma alegada falta fiscal. Provou cabalmente a inocência; e a vida correu-lhe muito melhor. Agora, há outro estilo: resiliência, negação feroz, mesmo sem esclarecer; e mesmo se atropelando a transparência política, ferindo a decência pública, afectando o aparelho de Justiça.
http://economico.sapo.pt/noticias/o-cabare-da-coxa_96683.html
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