A indignação é um direito
Acabou a mentira. Acabou a manipulação. Acabou a demagogia. A brutal dose de austeridade que agora se abate sobre os portugueses só surpreende os mais incautos, pois o estado de degradação das contas públicas há muito que prenunciava a inevitabilidade de medidas do género das que vamos todos ter de suportar. O discurso ilusionista do primeiro-ministro não tinha sustentação e desabou perante a inflexibilidade das orientações europeias.
Mais uma vez, os portugueses vão pagar a factura de políticas irrealistas que alimentaram um modelo económico ultrapassado, em que o Estado assume uma presença tentacular e um peso obsessivo. O duro choque que foi anunciado, se as coisas se mantiverem como até aqui, sem mudanças profundas que implicam coragem, frontalidade e, sobretudo, inovação, há-de ter reedições no futuro. O que mais assusta e apoquenta na situação actual é a ausência de clareza quanto ao que acontecerá a seguir e o receio de que a austeridade, afinal, não represente um meio para alguma coisa melhor, mas apenas um período de transição para... nova e inevitável austeridade. Como se o nosso modelo de desenvolvimento se resumisse a isso, dada a total incapacidade para refundar a actividade económica. No fundo, o que mais irrita é não se conseguir perceber se há esperança no final de um túnel que muitas gerações vêm percorrendo, sem hipótese de fuga. A percepção que se tem é que a criatividade dos políticos se resume a ir ao bolso do contribuinte cada vez que os problemas apertam. Isto não é vida e muito menos oferece futuro.
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